Especialista dá dicas para sair das dívidas e não voltar mais
Geralmente quem está endividado nunca sabe como entrou no vermelho,
por isso, para o professor Fabrício Pessato Ferreira, mestre em Economia
e coordenador dos cursos de Gestão Financeira e Ciências Contábeis da
Veris Faculdades, o primeiro passo para quem quer sair das dívidas é
fazer uma planilha com todos os seus gastos, de acordo com os valores de
cada um, mas colocando todos neste planejamento financeiro. A partir
daí, é possível fazer um planejamento para sair das dívidas. Confira
abaixo a entrevista!
1 – Qual sua dica para quem quer sair do vermelho?
Fabrício Pessato: Em primeiro lugar, é necessário
colocar “na ponta do lápis” – ou, de preferência, numa planilha
eletrônica – todos os gastos do mês.
Moradia costuma ser o item com maior impacto no orçamento familiar.
Somando-se aluguel/prestação da casa própria, condomínio, IPTU, energia
elétrica, água, dentre outros, há um impacto muito grande sobre os
gastos da família.
Transporte costuma ser o segundo item mais “pesado” no orçamento.
Prestação do automóvel, combustível, IPVA, licenciamento,
seguro-obrigatório e seguro particular também têm impacto significativo.
Educação é outro item importante, eventualmente mais caro que
transporte.
Na sequência, é importante separar os gastos com saúde,
telecomunicações (telefone fixo, telefones celulares, TV a cabo, conexão
de internet), alimentação e higiene pessoal, tarifas bancárias,
vestuário e afins, lazer e afins.
Enfim, somar qual o montante da dívida e fazer uma programação para
sair do vermelho. Tente trocar os juros de cartão de crédito e cheque
especial, que são os mais altos do mundo, por juros de Crédito Direto ao
Consumidor (CDC), que tem prestações fixas e taxas de juros mais
baixas.
2 – Por que recomenda esta dica?
FP: Porque quem está endividado não tem noção de
como chegou a tal situação, a menos que faça uma lista dos gastos. Será
necessário fazer corte em alguns gastos pessoais supérfluos, como
vestuário e lazer. Sem o auxílio da matemática, não há como saber
exatamente qual o horizonte de tempo em que a pessoa pode se livrar das
dívidas.
3 – Qual o conselho que costuma dar para quem não quer entrar no vermelho nunca mais?
FP: Regra número 1: “pague o seu você amanhã”. Faça
um fundo de poupança. Ao receber o salário do mês, separe imediatamente
quanto você vai pagar a você mesmo no futuro. Comece com R$80 ou R$100
por mês e depois vá aumentando.
Com apenas R$100 por mês, em dez anos, você poderá ter R$19.750
aplicando em CDB, que é um fundo conservador. E quando você tiver uma
emergência, poderá resgatar parte desse valor. Mas somente em último
caso.
Acostume-se a manter as contas do mês sob controle para não precisar
resgatar suas futuras aplicações, nem ter de tomar empréstimo.
4 – Em sua opinião, quais são os maiores erros das pessoas que ficam endividadas?
1º) Falta de controle sobre os gastos. É imprescindível ter controle sobre os gastos.
2º) Comprar por impulso. É uma conseqüência do item
1. Se você não sabe quanto tem disponível para gastar, acaba gastando
mais do que ganha. E isso é um veneno para as finanças pessoais.
3º) Desconhecimento sobre as taxas de juros
praticadas pelos bancos. Exemplos: (A) Nunca pague o valor mínimo de sua
fatura do cartão de crédito – sempre pague o valor total. (B) Cuidado
com juros para aquisição de automóveis, porque eles contêm taxas
embutidas que são verdadeiras armadilhas. (C) Se você está devendo no
cartão de crédito e no cheque especial, pergunte para o gerente do seu
banco como obter o CDC (Crédito Direto ao Consumidor), cujos juros são
bem mais em conta.
5 – Como evitá-los antes que entre neles?
FP: Três palavras chaves: controle, parcimônia e informação.
1º) Tenha o controle sobre seus gastos!
2º) Gaste com parcimônia, evitando o consumo por
impulso e gastos desnecessários. Por exemplo: nunca vá ao supermercado
com fome, porque você tenderá a comprar mais comida do que consumirá no
período. E, de preferência, evite ir ao supermercado com as crianças.
3º) Informe-se sobre os produtos financeiros que
estão à sua disposição, tanto para empréstimos emergenciais, como para
formar um fundo de poupança com o maior retorno possível e o mínimo
risco.
Fonte: valorizeseudinheiro